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quarta-feira, setembro 14, 2005

Memórias de um combatente Ganês


É engraçado que ao olharmos e pensarmos num certo tema (que domina a nossa vida durante um período) numa perspectiva ligeiramente igual, muito diferente mas com o mesmo raciocínio e com os mesmos sentimentos, o caso muda de figura. É verdade que só vê isto quem vive.A forma como analisamos tudo condiciona-nos e limita-nos. Agora talvez por algum acontecimento relevante, compreendo algumas coisas que antes não me interessavam, mas isto tem um custo: a confusão inesperada de temas quase certos.
Fernando Pessoa heterónimo tem como duas das fontes de dor, a racionalização obrigatória do pensamento e a intelectualização de emoções. Sinceramente acho que isso é uma das maiores decobertas da minha curta vida. Agora um dos meus caprichos, abdicando de ganhar o euromilhões (mesmo sem jogar), é ser ignorante. Felizmente ou não, acho isso improvável de acontecer, a menos que a vida me passe mais uma rasteira. É engraçado que uma ligeira mudança de um ponto de vista possa modificar quase toda a forma de viver de alguém. O ser-humano comparado com outros seres é limitado. Estranho! Não, óbvio. O que uma formiga consegue fazer de melhor é carregar qualquer objecto com 10 vezes mais o seu peso. O homem por sua vez consegue "dominar" o mundo.
Mas já li ou ouvi em qualquer lado que o homem só utiliza 20% do seu cerbero. Acho que me limito a viver, já que se a intelectualização das emoções tráz dor, e falo por mim que só utilizo menos de 10% quase de certeza, imagino so o rendimento aumenta-se. É melhor não pensar mais porque já me doí a cabeça. Se considerarmos a morte certa ( um pouco difícil para quem descobriu a cura para tantas doenças), o pensamento é talvez o nosso maior entrave para alcançarmos um estado de espírito perfeito, estabelecido por cada um de nós. Talvez pensemos de mais e a resposta é mais simples que a própria resposta. Se calhar pensamos através de uma perspectiva ligeiramente igual mas diferente da perspectiva que realmente prócuramos. A nossa sobrevivência resume-se ao domínio dos mais fracos, não escrevo, dos animais mas sim dos nossos espécimens mais fracos, e talvez os nossos sonhos só sejam possíveis através de novas limitações impostas a alguém.Exemplo: o sonho do Pandoro é ter uma calça feita de pele de crocodilo. Pandoro envia uma carta para o programa de tv "O meu sonho" e consegue entrar. A equipa do programa contacta um empresário Ganês especialista no assunto (que por acaso tem uma filha com o dom da costura), e encomenda-lhe a tal calça. O empresário estava na falência e os empregados em greve. Pensou e decidiu por a filha de 11 anos a fazer a calça, e embora ela tivesse talento inato, detestava costurar. Pandoro recebeu a calça que tanto queria e viveu feliz durante mais dois dias e meio até encontar um novo sonho. Moral da história: a felicidade de Pandoro é a infelicidade de alguém,. neste caso da miúda. Esta história verídica só vem comprovar que a minha teoria ainda por limar tem algum pingo de verdade. O mesmo se aplica em tudo na vida. O alívio de alguém é o problema de outrem, e o mais fácil em todos nós para esconder isso é culpar outros para que possamos passar fases. Enfim o equilíbrio universal está presente!
Atér quando o tempo me deixar.