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quarta-feira, dezembro 21, 2005

Alverca, a capital esquecida!


É nas camionetas que muita gente passa parte do seu tempo. Quando estamos em casa a ver um anuncio na televisão, cerca de x pessoas apanharam a camioneta 143.
Na camioneta toda a gente se odeia ou desconfia, a menos que se conheçam, mas fora isso é uma verdadeira praça de touros de olhares. Começa pelo camionista que olha para o nosso passe depois de olhar de relançe para o nosso corpo inteiro e o que vestimos, e ainda pior agora existem uns que trazem óculos de sol todos estilosos que nos impedem de seguir o seu olhar. A próxima etapa é as primeira 4 filas de cadeiras em que estão os velhos e anafados que não tem paciência nem força para olhar patra nós. Com a excepção de alguns anafados que parece que olham para nós como dois pedaços de frango cobertos de batatas fritas congeladas tipo McDonald's. A etapa seguinte é mais pequena e engloba os semi-empresários que ainda não têm carta ao confiscaram-lhe o carro por excesso de velocidade. Como estou a falar da 143, admitimos que é uma camioneta lagarta (aquelas que têm a cena de borracha no meio tipo atrelado), logo aparece uma nova etapa a da ligação da boracha onde apenas se encontram os jovens mais jovens e os ucranianos, e em que são o centro das atenções, porque existe descriminação por partes dos sentados em relação aos de pé. Até na camioneta existe racismo! Apenas restam duas etapas: a que não tem nexo e a dos jovens revoltados da vida ou simplesmente querem manter um certo afastamento da sociedade.
E passa-se o mesmo no metro. A frieza entre as pessoas é tal que chega a cortar. É possível ver que chegam a existir pessoas que quase nos chamam nomes e violam só pelo olhar!Não seria mais simpático chegar a rua e alguém totalmente desconhecido nos dizer bom dia ou expressar um sorriso, certamente exisitiria mais humor no meio que nos rodeia.
Eu e o Pandoro íamos ao nosso habitual jogo do sudoku na biblioteca municipal de Alverca, em que detêm um grande património de Mestres e as suas obras de Sudoku, como António Sudokas, Garmano doku Sá, Carlos Sudokantas, já para não falar do Sudoku de Matos,etc... Como ainda não tenho carta de condução, eu e o Pandoro resolvemos apanhar a camioneta da empresa de viagens "We're good viagantes" e lá fomos para a estação da agência para seguirmos rumo. Para nosso espanto o condutor era o José Cid, que ao que parece anda na fossa porque as músicas dele são uma treta. Olhei para o Pandoro e ambos acenámos a cabeça e aceitação em relação ao condutor. Também com aqueles óculos devia ser bom condutor, não? À medida que avançamos na camioneta decidimos que o nosso lugar seria no final da camioneta, porque somos revoltados com o mundo, ou pelo menos era a nossa ideia inicial antes de sabermos o final da história quando nos sentássemos. Ao passarmos três quartos da camioneta apercebemo-nos que uma série de freiras sentadas com destino ao famoso convento de Alverca sorriam para nós, mas nós desviamos o olhar com uma cara de susto ao relacionarmos as freiras com o celibato. Apena três pessoas restavam na camioneta e 5 lugares livres lá atrás. A primeira pessoa que passámos era um homem de barba até aos pés e roupa estragada com cheiro a dejectos. Esse nem levantou a cara para ver quem passava. O seguinte era uma senhora com cerca de 51 anos que nos mudou para a vida inteira, oferecendo um bolo de canela. Aí é que as coisas mudaram porque o Pandoro é maluco, mas literalmente maluco por qulaquer coisa que envolva canela logo explodiu de alegria manifestando-a em abraços e linguados na senhora de 51 anos. A senhora assentiu e começou a apalpá-lo todo, pois parceia que não tinha um naco de carne a sua disposição alguns anos. Mas rapidamente o Pandoro apercebeu-se da sua façanha e afastou-se da mulher com repulsão. Eu entretanto fiquei surpreso pela simpatia da senhora em oferecer bolos de canela a desconhecidos. Já cientes que a cena acabara, eu e o Pandoro acenámos de novo em concordândia. "Muito bom dia minha senhora!"- foi o que dissémos à senhora que restava na camioneta, e ela sorriu como se lhe tivessem dado um abraço caloroso revestido de amor surpreendente. Sentámonos e seguimos rumo a um novo mundo: à conquista do torneio ilegal de Sudoku que ocorreria na arrecadação da biblioteca.
Enfim seria bom se toda a gente se desse bem ou a maioria pelo menos, pois se temos desejos somos homens e se somos homens sonhamos logo fica aqui um sonho!
Até quando o tempo me deixar!

Crónicas


Fadiga e momentânea tristeza,
aclaram o já difícil pretendido,
achado nos momentos que detenho
sem querer por condição
aquilo que une os sujeitos despedaçados.
Expiro uma raiva assustadoramente controlada
por alguma coisa de que não tenho informação,
exerço força sobre o que quero esclarecer
sem sequer saber que estou
simplesmente a afastar a hipótese
de poder jogar com o que procuro.
Envolvido pelo saliente globo do meu mundo,
construo-o os meus próprios obstáculos
brincando aleatoriamente com a vida.
Anseio seduzido de alguma forma
por novas aventuras ou aventuras modificadas,
pelo tempo e pelos pensamentos,
pelos gostos e movimentos
que mudam ao longo do que se
passa,passando a acontecer.
Prefiro esperar com o desejo de actuar
do que actuar com o desejo de esperar.
Talvez seja neste conciso ponto que erro
exageradamente e com erros crassos,
e e mais fácil escrever que dizer,
é mais simples reter do que largar,
é pior esquecer que relembrar
e é fácil dizer sem perguntar.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Queijo ou Fiambre? Deveras difícil...


Uma das dúvidas mais persistentes existenciais é a utilização ou não da verdade. Quando se quer pôr tudo em pratos limpos, pede-se a verdade, mas depois de saber a verdade questiona-se a necessidade de a saber. Vamos analisar o indivíduo que diz a verdade e o indivíduo que quer saber.
Para o indivíduo que quer saber, apenas deseja saber o porquê, como, quando e o quê. Porque sente que está a ser traído de certa forma. Para o indivíduo que diz, tem de ter cuidado extra para saber se pode ou não dizer o que sabe. Mas partindo do princípio que se comprometeu numa relação com outra pessoa, tem o dever de dizer.
Neste momento sinto que estou num jogo perigoso e aliciante, porque se falo a verdade, vai doer, porque sei. Se nao conto adio o inevitável. A verdade doí pelo que sei, mas a mentira doí mais.
A velocidade, a rotina, o dia-a-dia só estragam o que é o prazer de viver. Corajoso e excitante é ultrapassar momentos em que só apetece desaparecer, é lutar contra a raiva e derrubá-la com as próprias mãos, ( e o melhor para o fim) é saborear a vitória sobre a adversidade. O facto de trabalharmos para o futuro, é o espelho do mundo monopolizado pelo dinheiro. E a verdade não combina com o dinheiro. Ou se tem um ou se tem ou o outro. E talvez este facto nos proíba de viver no verdadeiro sentido da palavra.
Quis a vida e eu, que conhece-se um rapaz proveniente do distrito da Pandória, o Pandoro. E há 2 dias, não, 3 dias, perguntei-lhe o porquê de apenas pisar a riscas brancas da passadeira, quando atravessa qualquer estrada. E ele respondeu-me em pergunta - "Queres mesmo saber?" - e eu - "Não, deixa estar." - e ele - "Então ouve bem." - e eu - "Então diz lá!" - e ele - "Hã, deixa estar. Também era estúpido." -e eu - "Ok!". Isto representado numa função z(t), em que t representa os dias depois de lhe ter perguntado. Hoje de manhã às 5:21:38, recebo uma chamada do Hospital da Amadora, com uma senhora a dizer-me que um tal de Pandoro tinha sido atropeldao no pé esquerdo enquanto saltava numa passadeira em que estva a brincar. Eu perguntei se estava tudo bem e o porquê de me telefonarem a mim e não a um familiar do Pandoro. A senhora respondeu-me - "Ele só me disse o nome póprio e gritou "Telefone para o gajo, rápido" e eu presumi que era o senhor." - e eu -"Ha! Ok, já estava a estranhar!". Então passadas duas horas o Pandroro resolveu contar-me a verdade. Disse-me assim - "Queres saber a verdade?" - e eu - "Tá bem" - e ele- "Eu sou como um cão!"- e eu - "Sim, e daí?" - e ele - "Só vejo a presto e branco!" - esntão aí fiquei estupfacto e em loucura interior, e ele diz-me ainda - "Quando vejo a cor branca, excito-me!" - Eu não precisava de saber aquilo. Desde que sei isso, preferia não saber nada.
Peço desculpa ao Pandoro por não lhe dar o devido valor.
A verdade é uma arma muito forte homozigótica dominante que se manifesta em todos os seres pensantes. Infelizmente ou felizmente, esclarece tudo.
Até quando o tempo me deixar!